sábado, maio 30, 2009

desafio em maio


E continua o desafio, que, apesar do ritmo ter abrandado, não parece, ainda, comprometido. 55 livros em 5 meses, é bom. Cedi finalmente a ler o Equador, segui para crónicas, por causa da vinda do Ricardo Araújo Pereira ao colégio e por causa de outros à espera, poesia porque não pode faltar, sendo o Saúl Dias um presente de aniversário, e o Sem Sangue porque tinha de ler alguma coisa no autocarro, esquecera-me de trazer um livro e aquele saía com a revista «Sábado» nesse fim-de-semana. Seguem-se Saramago e Luísa Dacosta, entre outros.

48. Equador, Miguel Sousa Tavares, Oficina do Livro, 528p.****
49. Poemas Escolhidos (1990-2007), Fernando Pinto do Amaral, Visão, 112p.***
50. «Ficções 8», dir. de Luísa Costa Gomes, 166p.*****
51. Pif-Paf, Millôr Fernandes, O Independente, 190p.*****
52. Coração Acordeão, Alexandre O'Neill, O Independente, 190p.****
53. Boca do Inferno, Ricardo Araújo Pereira, Tinta da China, 296p.*****
54. Sem Sangue, Alessandro Baricco, Sábado, 158p.***
55. Tarde Azul, Júlio Saúl Dias, Bonecos Rebeldes, 186p.****

Outras sugestões:

Filmes:
O Leitor, de Stephen Daldry, com Kate Winslet, David Kross, Ralph Fiennes*****
Mamma Mia!, de Phyllida Lloyd, com Meryl Streep, Colin Firth****
Frost/Nixon, de Ron Howard, com Frank Langella, Michael Sheen, Kevin Bacon*****
Número 23, de Joel Schumacher, com Jim Carrey**

Festas para o último fim-de-semana de Maio:
Mercado Romano em Braga
Festa de Serralves
Feira do Livro do Porto
Feira dos Minerais na FCUP

quinta-feira, maio 28, 2009

O livro dos dias (breve selecção de Maio - e final)

Desisti do projecto. Por falta de ser. Enfim...

1. Sabemos quase sempre que somos melhores do que os outros e piores do que gostaríamos de ser. Ou é ao contrário? Mas o que interessa ser, se não somos reconhecidos nisso pelos outros? Desisto - sou a desistência em consciência - mas só daqui a meses. Há que sobreviver até à data limite.
Depois virão tempos
ainda
piores.

2. É Ma É La é Ri é A: Malária! Viva a Malária! Vamos! Private jock sem piada nenhuma. Mas que nos fez rir como se fôssemos tolos. A desgraça da vida leva-nos a desejar Moçambique. Para acordar, para fugir, para viver. Ou morrer - pois ela está por lá!

5. Preciso que a minha cama seja mais do que eu.

6. Pequena visão da floresta
peito onde dorme a fera
coração (que vai dar no mesmo).

7. Propostas indecentes
RE: um pouco tarde para propostas indecentes. Talvez noutra altura. (eram já 23:50:16)

10. O coração é aquilo que queremos fazer dele, disse um aluno. E o meu coração apertado alargou-se de espanto. E achou-se sozinho, mas a pulsar. Tem dias.

A nossa música, Borboletras!



para além dos segredos que também os jardins são, sobre o amor e outros, e do amor que a amizade também é. o resto está escrito no caderno que podes ler amanhã. e nos gestos e nas palavras do quotidiano.

Obrigado. Sem ti, o jardim já seria apenas ruína...

«Run», ou o «mudar-me definitivamente»

Ouvi na rádio a versão nova. E lembrei-me da versão antiga. São diferentes, concedo. Mas ambas têm as suas virtudes. E tenho-as ouvido ultimamente, muito. Uma a seguir à outra. Só porque o fim se aproxima, a passos largos. Gosto em especial de «To think I might not see those eyes/Makes it so hard not to cry/And as we say our long goodbye/I nearly do».




terça-feira, maio 26, 2009

da existência

Ainda gostava de saber a razão de toda a gente me falar no msn só quando estou a ouvir músicas de Natal.

E dizem, normalmente, «isso já passou». Mas estamos em Maio e eu ouço. E não poderia ser «ainda falta muito»? Ou o tradicional «o Natal é quando um homem quiser»?

Não me apetece o Natal, nem nada, mas às vezes apetece-me outro tipo de música, diferente da do dia-a-dia, que traga a nostalgia e a alegria ao mesmo tempo. Acompanhada pelos meus berros, pois claro.

segunda-feira, maio 25, 2009

excertos de «O mundo não passa de mundo»

III. 7. O Grito

A poetisa veio ter connosco, convidando-nos para nos juntarmos ao grupo que lá dentro se ia formando no sofá e nas cadeiras dispostas em círculo para a ouvir. Foi nesse momento, de repente, que o grito ecoou pela praia e ressoou pela casa, como se estivéssemos a ouvir um búzio. Todos ouviram e traduziram em silêncio a espera por alguma reacção que se seguisse. Ao fundo da praia, perto do mar, a mulher que tinha passado por nós, vinha a correr, desvairada, chorando. Eu e a mulher do piano acordámos da letargia e descemos as escadas.

III. 8. Borboletras

Era uma vez um homem que escrevia apenas por fragmentos. Coisas pequenas, se bem que muitas vezes profundas, concisas. Há quem ache que as duas coisas estão intimamente ligadas, mas nem sempre. De qualquer modo, os seus escritos compunham-se de fragmentos: frases breves, às vezes não sendo mesmo frases gramaticais, no sentido estrito, ou apenas letras desenhadas pelo prazer de as escrever, sem significarem nada, mas eram sempre pequenas preciosidades, fruto do acaso, da vida, se bem que muitas vezes apenas da interior; escritos a qualquer momento do dia ou do sono, interrompido a custo para a escrita que se poderia perder na manhã seguinte se não acontecesse naquele momento; sobre tudo o que lhe interessava ou causava espécie.

III. 11. Manual de sobrevivência a um coração partido

Na deslocação, revi a minha comunicação sobre um livro medieval recentemente descoberto pelo meu professor numa biblioteca privada e em cuja edição eu estava envolvido. Um livro interessantíssimo sobre a forma de sobreviver a males de amor, em espécie de manual didáctico. Após várias entradas frescas ou mais conhecidas pelo vulgo, o autor anónimo deixava bem claro, no final: «As receitas que i poderam haver, seerá frol quem no mais tender, ca a seu golpe nom pode durar arma». E era sobre este final, de uma certa desesperança na resolução dos casos com a ajuda do próprio manual, que eu ia falar no congresso. Por experiência própria, pois então.

III. 13. O exílio

Doía-lhe aquela existência e não conseguia perceber como poderia sobreviver no seu próprio espaço, voltar a ser o que era. É que estando ela no seu lugar de sempre, como se poderia sentir em exílio? O exilado é aquele que está morto para a sua terra, em parte, pelo menos, e ela sentia-se assim, morta na sua terra, como que exilada antes desta ser sua e fosse apenas um reflexo e algo que nunca poderia realmente existir – a vida.

III. 15. Deus como romancista

Cá fora, vestiu o casaco rapidamente, e circulou, para não se deixar chorar. Mas chorou, a andar, como se fosse um mendigo sem casa – e era-o, naquele momento, sem a melhor casa da vida, a casa dos verdadeiros amigos que nos abrigam o mais importante: o gosto que têm de nós. E ele via-se assim, de repente, sozinho numa rua que não costumava frequentar, com casas que lhe pareciam vazias de vida, embora fossem bonitas. E, por fim, achou a entrada de uma casa onde se sentar e perder-se durante algum tempo. Nada do que se passou a seguir interessa a ninguém. Dos seus vinte e cinco anos de pouca experiência, o professor não sabia o que era perder um amigo de forma tão voluntária. Nem nunca saberia, de facto.

aniversário

Cansado.

Ofereceram-me uma televisão para eu não me deitar tão cedo, para me fazer companhia. Foi uma prenda de anos. Resmunguei, pois claro. E além dos boxers (tamanho acima, enfim), de um livro (poesia de Saúl Dias), de uma carta, um postal, dinheiro, bolos, Expiação com primos, mensagens e chamadas e beijos (que aproveito para agradecer), recebi, um pouco por todo o lado, um número novo na minha conta pessoal.

Agora tenho 26 anos e uma televisão no quarto de cá. Ontem liguei-a para ouvir falar de medos e morte, e para choramingar com a Izzy. Hoje, são quase nove horas, tenho 26 anos e estou pronto para ir dormir.

Ideias...

P.S - E não era esta a companhia de que eu precisava.

Adenda: ao menos já tenho resposta para aqueles questionários tão típicos, quando me perguntarem «Qual foi o pior presente que te ofereceram?» Escrevi coisas bem piores sobre o assunto no meu caderninho actual, mas é melhor não partilhar.

domingo, maio 10, 2009

um poema de Fernando Pinto do Amaral

para a Inês

Aprende o infinito, recupera
a distraída bússula da alma
pouco a pouco sonâmbula, o exausto
sabor da tua vida enquanto é mais
que um recado de lume no teu corpo,
que a promessa da febre no teu sangue,
e a prende sobretudo a suspender
o tempo quando abraça quem morreu
só pra ressuscitar dentro de ti
ao cumprir a memória incandescente
dos dias que o amor transforma em meses,
dos meses que o amor transforma em anos,
dos anos que o amor rasga e entrega
ao rosto azul do céu e destes versos.

sábado, maio 02, 2009

III. 5. Amores imperfeitos



Tinha orgulho no seu jardim. Havia nele flores de várias espécies, recolhidas por várias gerações de que se sentia a herdeira espiritual. Tratava dele como se fossem filhos que não podia ter e conversava com elas como se houvesse resposta às coisas que lhes dizia. Quando uma planta morria, sepultava-a debaixo de outras, como que a perpetuá-la nelas, de modo a que nunca se faltassem. Eram lindas e toda a gente as elogiava na variedade, nas cores, no perfume, na perfeição. Um dia, acordou e viu que a cada um dos amores-perfeitos faltava uma pétala. Sorriu de ironia, a seguir apeteceu-lhe chorar, mas não o fez. Fechou a janela para não se ver e cismou para não emurchecer.

O que é aquilo?


É bonito, possibilita reflexão, e é grego.
Visto aqui.

E é melhor vê-lo lá, porque aqui não aparece a imagem toda... :(